Canaoeste promove live e discute perspectivas para a Safra 2021/22

12/06/2021 07:55

Preocupada em oferecer informações de qualidade e preparar os seus associados para os desafios futuros, a Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) promoveu uma live trazendo as “Perspectivas para a Safra 2021/22”. O encontro teve o apoio institucional da Copercana.

Transmitida através do sistema multiplataforma (Youtube e Facebook) e usando o aplicativo ‘Zoom’, a apresentação recebeu diversos elogios por parte dos associados. “Por conta da pandemia da Covid-19, esse encontro virtual foi a maneira mais adequada no momento para chegarmos com informações de qualidade ao nosso produtor”, revela o gestor corporativo da Canaoeste, Almir Torcato.

Essa é mais uma ferramenta oferecida pela Canaoeste que, diariamente, conta com uma equipe técnica e qualificada que auxilia o produtor nas mais diversas situações, além de oferecer suporte a diversos serviços. Entre eles, o Plano Integrado 2021/2022; o Aplicativo — APP Canaoeste; Soluções Ambientais e Agrárias; SOS Incêndios; Suporte Técnico Agronômico; Monitoramento de incêndios 24h; Assessoria Jurídica; Soluções Integradas (Laboratório de Sacarose, Fiscais de Sacarose e participação em grupos de interesse); Geotecnologia; e Equipe de Campo – Praga Zero.

“Preocupamos sempre em oferecer aos nossos associados as melhores condições para que tenham toda a ciência técnica e possam entender como será a próxima safra e, assim, se planejarem para ela”, acrescenta Torcato.

Entre as principais dúvidas levantadas durante a live foram destacadas as questões quanto à produtividade, preço e custo de produção. Aos olhos dos especialistas, a nova safra é vista como favorável em relação ao custo de produção. Os preços também devem ser positivos, já que o mercado apresenta boas projeções em relação à remuneração da cana-de-açúcar. Porém, o que gera mais medo é a questão da produtividade que foi prejudicada por questões climáticas.

“As canas de início de safra foram as mais prejudicadas pela falta de chuvas. As de final de safra e as de meio nem tanto. Alguns produtores, para obterem o máximo da produção diante deste problema, optam por sacrificar o segundo e o terceiro corte que estão mais desenvolvidos e assim preservarem a cana de primeiro corte para que essa se desenvolva um pouco mais”, aponta Torcato.

Outro ponto destacado pelo gestor da Canaoeste foi o RenovaBio. Os produtores querem participar do programa de descarbonização que atualmente remunera através dos créditos de carbono (Cbios) usinas produtoras de etanol. O programa é conhecido como a Política Nacional de Biocombustíveis. “Representamos uma associação de produtores. A dúvida de muitos está em relação ao RenovaBio. Existe uma discussão em relação à participação deles no mercado de crédito de carbono (Cbios). Acredito que na próxima safra já tenhamos algo mais claro em relação a isso”, destaca Almir Torcato.

Mais que uma live, a Canaoeste apresentou uma verdadeira aula sobre a produção de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo. Caio Carvalho, da Canaplan, fez questão de trazer dados relativos à desigualdade econômica global, fazendo uma relação entre as economias do passado e uma projeção sobre os principais compradores no futuro: os países asiáticos.
Foram apresentadas informações sobre a geopolítica internacional, tendo como principal destaque a inclinação do presidente norte-americano Joe Biden, em buscar parcerias comerciais como a Índia e China.

A situação atual no Brasil também não ficou de fora. As questões relacionadas à Amazônia, o desgaste do Governo Federal em relação às questões políticas e pandêmicas também foram apresentadas.

O tema ‘fake news’ também foi abordado. Caio Carvalho fez um destaque sobre o que ele chama de a ‘era da pós-verdade’, onde, segundo ele, a narrativa é muito mais importante do que a própria verdade, sendo que o Brasil tem dificuldades para se defender.

Sobre o mercado internacional foram apresentados os maiores produtores de petróleo no mundo e também as projeções da Opep — Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

Já entrando no assunto sucroenergético brasileiro, Caio Carvalho apresentou uma lista com as principais áreas canavieiras ao longo da última década (2009 a 2019) e comentou sobre os cinco maiores produtores nacionais: São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.

“Os astros do setor estão alinhados do ponto de vista de demanda. Temos várias questões alinhadas para uma boa condição. O preço das commodities, a entrada das vacinas que devem promover posteriormente uma retomada da demanda e, consequentemente, a recuperação da economia. Temos também os ciclos positivos de preços, que nós esperamos que permaneçam por pelo menos mais dois anos. Tem essa participação maior do mercado asiático na compra de produtos, além da volta da OMC (Organização Mundial do Comércio)”, comenta Caio Carvalho.

Do ponto de vista da oferta, a Safra 21/22 deve ser menor, e menor também serão as ofertas. Apesar disso, a demanda por etanol deve ser 5% ou 7% maior do que no ano passado; os fundos especulativos seguem comprados e os preços da Petrobras vão depender muito da política adotada por Joaquim Silva e Luna. “A safra 2021/22 será a de menor oferta. Tivemos um bom investimento que é um fator que nos dá esperança do lado do canavial, mas esse canavial vem muito estressado. Podemos apontar outros aspectos para essa redução, como, a pandemia de 2020 que continua em 2021; a seca de 2020, que herdamos em 2021 com muitos incêndios e que obviamente vão resultar de maneira negativa na brotação de soqueira; o verão ruim de 2021, com poucas chuvas; a idade média do canavial que, com as dificuldades da seca e dos problemas que tivemos com a pandemia, teve seu plantio bem menor — o canavial está mais velho”, detalha Carvalho. O especialista acrescenta que a falta de mudas para o plantio; a competição de grãos e eucalipto e a menor área de colheita vão resultar em menos toneladas de açúcar por hectare e, consequentemente, menos ATR (Açúcar Total Recuperável).

No que diz respeito à quantidade de moagem da Safra 21/22, Carvalho propõe uma expectativa mais branda. Diferente das informações divulgadas em janeiro que traziam uma projeção de moagem na casa de 580 milhões de toneladas de cana na região Centro-Sul, o especialista promove o exercício em três cenários, sendo a melhor das hipóteses uma moagem de 570 milhões. “Temos que levar em consideração diversos fatores, entre eles, a falta de chuvas, possibilidade de geadas e a isoporização. Não podemos nos esquecer do que já ocorrera no passado a exemplo da Safra 11/12. Não digo que possa acontecer, mas é importante nos prepararmos”.

Para exemplificar essa necessidade do produtor se preparar para qualquer uma das situações, o especialista apresentou uma tabela exercitando três cenários, sendo o mais desanimador com uma moagem de 530 milhões, um mediano com 550 milhões, e o mais animador com 570 milhões de toneladas de cana.

Com base nos dados, Carvalho calculou uma perda de produção em cada um dos ensaios, sendo -11%, -8% e -4%, respectivamente. Consequentemente, em cada uma das hipóteses houve a Redução de ATR e também as produções finais de açúcar e etanol. “Esse exercício é para dar uma dimensão do tamanho do problema que a gente tem e, é claro, que Safra 22 está herdando parte desse problema porque vamos ter uma série de impactos no processo de colheita de cana”, explica Caio Carvalho.

Sobre os preços pagos em relação ao açúcar total recuperável (ATR), Caio Carvalho projeta que os valores pagos na Safra 2020/21 devem se manter na Safra 21/22.

Usando uma tabela com a projeção dos preços pagos no acumulado da Safra 20/21, o especialista apresentou os números coletados de abril de 2020 a março de 2021. Com esses dados, Carvalho fez uma projeção com relação aos preços que serão praticados na nova safra, também pelo período de abril de 2021 a março de 2022. O resultado do gráfico é espelho do que foi a safra passada. “Vai ser igual. Acredito que os preços vão ser maiores, mas vai ser igual. A tendência é de aumentar ao longo do período, mas como eu já começo com ela em alta podemos dizer que vamos ter um ATR no acumulado muito maior”, destaca Carvalho.

Para finalizar, Caio Carvalho resumiu os assuntos que o produtor deve prestar atenção nessa nova safra que se inicia:

  • Crescimento do Brasil: “Sim! Haverá um crescimento econômico do Brasil em 2021, em pelo menos três pontos percentuais, no próximo ano também”.
  • Consumo de etanol combustível: “O consumo do ciclo otto (que são as frotas de veículos do país) deverá ser de 5% a 7% maiores do que em 2020, mesmo diante da segunda onda da Covid-19”.
  • Gasolina brasileira: “A capacidade de refino da gasolina brasileira, estagnada, enfrentará um crescente consumo de gasolina de mais de 10%, sendo necessárias importações. Isso significa que tenho que comprar pelo de 28 a 30%, então tenho que ter uma política de preço condizente com a realidade do preço internacional da gasolina”.
  • Açúcar brasileiro no mercado internacional: “O Brasil continuará a ser o regulador do mercado de açúcar, sem dúvida alguma e cada vez mais forte”.
  • Etanol hidratado: “A oferta limitada de etanol hidratado, com base na quebra de produção, fará com que a paridade econômica fique próxima dos 70%, portanto a tendência é de um consumo mais apertado, portanto, será maior de gasolina”.
  • Produção de etanol de milho: “O etanol de milho continuará a sua trajetória de crescimento, se fala em até sete ou oito bilhões de litros produzidos em 2030”.
  • Raio x da Safra 21/22: “A combinação petróleo x câmbio será a grande marca dessa safra”.

Por: Eddie Nascimento

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