Principais desafios de gargalos para aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes

18/04/2019 08:01

Com o intuito de garantir a segurança alimentar da população mundial nas próximas décadas, a utilização e aperfeiçoamento das tecnologias disponíveis na agricultura são de suma importância para atingir esse objetivo.

Neste contexto, a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes exerce papel fundamental, que por definição, segundo Matuo (2001), é o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo em quantidade necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas.

Um dos grandes desafios é aliar a eficiência nas aplicações com rendimento operacional. Contudo, durante o processo de pulverização temos vários obstáculos até a planta absorver os defensivos agrícolas e fertilizantes foliares.

Neste artigo abordaremos os principais gargalos e desafios que podem afetar negativamente a eficiência nas pulverizações de defensivos agrícolas e fertilizantes foliares.

Deriva e evaporação

As perdas de defensivos agrícolas por deriva e evaporação são um dos grandes problemas na agricultura mundial, tendo em vista, o risco da contaminação ambiental, dos seres humanos e também pela perda da eficiência no controle das pragas, doenças e plantas daninhas.

Para aplicações de inseticidas, fungicidas e acaricidas é essencial uma ótima penetração no interior da planta (terço médio e inferior) com uma excelente cobertura no alvo. Para se conseguir esta proeza, é indispensável o uso de gotas finas e médias, porém, estas são mais suscetíveis às perdas por deriva e evaporação. Segundo pesquisas, as perdas podem chegar próximo a 50 % do volume aplicado com deriva.

As condições climáticas desfavoráveis são os principais vilões do aumento da deriva e evaporação, tais como, alta velocidade do vento (> 10km/h), alta temperatura (>32 °C) e baixa umidade relativa do ar (<55%).

Para atendar esta demanda, é essencial o uso de adjuvantes específicos (redutores de deriva) associados a técnicas de aplicações, como, redução da velocidade de deslocamento, redução da altura da barra entre outras estratégias.

É importante antes de posicionar um redutor de deriva, conhecer o seu comportamento e interação com os diferentes tipos de pontas de pulverização.

Por exemplo, a maioria dos produtos à base de surfactante reduzem a tensão superficial da água e por consequência possui como tendência aumentar a formação de gotas muito finas (susceptíveis à deriva) para as pontas sem indução de ar. Entretanto, os surfactantes para as pontas com indução de ar são as melhores opções para redução da deriva em relação aos adjuvantes redutores de deriva, segundo a literatura.

Para as pontas sem indução os adjuvantes redutores de deriva, possuem uma resposta melhor em relação aos surfactantes.

Além disso, é importante mencionar que não são todos os óleos agrícolas que reduzem a deriva de forma eficiente, e que a tendência cada vez mais é reduzir as dosagens destes insumos por parte dos produtores rurais, por conta do alto risco de fitotoxicidade das culturas. Com isso, reforça ainda mais o uso de adjuvantes específicos para reduzir as perdas por deriva e evaporação.

Dureza e metais contaminantes na água

Os cátions alcalinos terrosos, em especial, cálcio e magnésio, compõem a classificação da dureza da água, expressa na forma de carbonato de cálcio, em ppm (parte por milhão).

Águas com teores a partir de 60 ppm de cálcio (ou 150 ppm CaCO2) possuem um grande potencial de desativação do glifosato e dos demais herbicidas aniônicos, com isso, se faz necessário utilizar um adjuvante com função sequestrante/quelatizante de cátions.

Neste momento, não temos na literatura nacional os teores críticos de alguns sais inorgânicos (ferro, alumínio, manganês e zinco etc.) na água em relação à interferência com glifosato.

Após constatar a presença de sais inorgânicos e ou a dureza na água é essencial utilizar um adjuvante que possui quelatizantes muito eficientes e estáveis que sequestram estes cátions, mantendo-os solúveis em água, porém inativados, evitando que estes interfiram negativamente na performance dos herbicidas aniônicos, em especial do Glifosato e 2,4 D.

Associado a estratégia de utilizar um quelatizante de cations também podemos citar a adoção de reduzir o volume de calda por hectare de forma monitorada e assistida por um técnico com o objetivo de reduzir a concentração de cátions presentes na água que podem interferir na eficiência dos herbicidas citados acima.

Alta tensão superficial da água  x espalhamento na folha da cultura

Devido à alta tensão superficial, as gotas somente com água são depositadas na forma esférica com uma baixa área de contato no alvo biológico.

Com isso, se faz necessário um adjuvante que tenha um tensoativo/surfactante na formulação que reduza a tensão superficial da água aumentando a cobertura no alvo, potencializando a absorção dos princípios ativos, mesmo em coberturas de difícil molhabilidade, tais como, camadas cerosas, pelos, entre outros obstáculos.

Entretanto, cada adjuvante possui respostas distintas para cada superfície vegetal, devido à composição do surfactante e a hidro e lipofilicidade das plantas

Por exemplo, para a cultura do algodoeiro, o produto A possui um maior espalhamento em relação ao B, porém este é superior em relação ao A na cultura do feijão.


Fonte: RAMOS, 2015 (dados não publicados).

Conclusão

Há muitos gargalos e desafios durante o processo de pulverização. Contudo, os adjuvantes e as técnicas de aplicação possuem um papel relevante na resolução ou na mitigação destes problemas.

É importante mencionar que apenas um adjuvante não é capaz de resolver todos os problemas que podem ocorrer durante o ciclo das culturas. Um adjuvante pode ser multifuncional, ou seja, ser eficiente em duas ou três características, mas ser eficiente em todas as necessidades, impossível! Por isso, é necessário o monitoramento da pulverização e posicionar de forma correta os adjuvantes e as técnicas de aplicações.

Escrito por: Maickon Balator
Gerente de tecnologia de aplicação do Grupo Vittia

Todo o conteúdo deste post é de inteira responsabilidade do Grupo Vittia.

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